sábado, 29 de outubro de 2011

Sobre a mesa Cineclubismo e Educação realizada no Visões Periféricas em 22/10/2011

Monique Franco
( Laboratório Audiovisual Cinema Paraíso – UERJ/FFP)

Tarde de segunda-feira ensolarada neste Rio de Janeiro que não para de se re-inventar,
de resistir. Havia sido emocionante, há pouco, ver o belo poema de Manuel de Barros
encenado pelos nossos jovens no OcupaRio e postado na rede! Poderoso para mim é
quem descobre as insignificâncias! – nos diz o poeta e a juventude. Foi quando o
André Sandino me mandou um simples e-mail: Monique , vc pode fazer um relato da
mesa de sábado para postarmos no blog , listas, redes sociais em geral ? Aiiiiiiiiiiii
respondi! Em seguida sorri. Deixei a burocracia universitária para trás e iniciei esse
breve relato – feliz, pelo relato e pelo potente movimento que passa a ‘Cultura’ no
Brasil, de modo geral, com todas as suas ambigüidades e, ainda, prementes
necessidades; feliz pela inquietude que jorra, no momento, do coletivo cineclubista do
nosso Rio de Janeiro! Assim se apresenta e se afirma a Associação de Cineclubes do
Rio de Janeiro – ASCINE-RJ. Inquieta, produtiva, hiperativa. Na serra e no mar! Há
reuniões e ações em todo o lugar! Ofereci ritalin para uma galera outro dia pela rede. O
movimento, cada vez mais intenso, parece apontar para uma convergência de ações,
institucionais e não-institucionais, parcerias, grupos, pessoas, experiências, origens
distintas, respeitosas e produtivas diferenças, gerando um saber-poder mais
compartilhado, menos hierárquico, mais horizontal. E isso produz mudança, sopra as
velhas estruturas e traz o novo, promove mudança, inventa a mudança, sobretudo
quando temos em comum a certeza de querermos uma sociedade menos desigual e a
certeza de que cultura, neste contexto, tem papel fundamental. Atua a cultura, como o.
Próprio verbo indica como o pulmão de uma sociedade. Respiramos assim, atuantes e
não meros consumidores de outrem. O cinema, que in-venta o real da ficção de nossas
vidas, essa paixão embriagante posto que desconcertante, descentralizante, viciante,
provocante, tem uma centralidade neste cenário-território, deixa rastros, formativos,
cri(a)tivos. Uma pessoa querida me explicou: in-ventar é fazer vento. Que vente a
ventania! Que sopre educação. A mesa de sábado foi assim. Ventania. Relatos de
trajetórias, profícuas e comprometidas – apaixonadas. A mesa – Cineclubismo e
Educação no Festival Visões Periféricas, que comemora, neste ano de 2011, 5 anos de
existência. Nós, que trabalhamos e militamos no campo da cultura, sabemos o quanto é
difícil e valoroso manter uma produção deste porte e natureza. O festival tem mantido,
ao longo desses anos, uma produtiva pareceria com a ASCINE- RJ, celebrada, este ano,
com esta mesa. A notícia alvissareira é que não houve mesa! Dispensamos o mobiliário.
Ficamos mais juntos. Auditório intimista, pequeno e cheio no Centro Cultural da Justiça
Federal, Centro do Rio, no último sábado, dia 22 de outubro. Presenças importantes -
todos nós e Marcio Blanco e Karina Muller, idealizadores e coordenadores do festival.
Na ‘não-mesa’: Luiz Claudio Motta Lima do Cineclube Subúrbio em Transe, Heraldo
HB, do Cineclube Mate com Angu, Clementino JR do Cineclube Atlântico Negro e
Adelaíde Léo, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e nós, do
Cineclube Cinema Paraíso. Uma característica comum a todos nós e sintomática do
momento que vivemos – além de exibidores e debatedores de filmografias, somos,
também, executores, inclusive no âmbito do poder público, como no caso da Secretaria
Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Adelaíde Léo implantou e atualmente é uma
das coordenadoras do Projeto Cineclube nas Escolas que pretende viabilizar e alimentar
com acervo um Cineclube em cada escola da extensa rede carioca! Fantástica
iniciativa, corajosa! Idiossincrasias no interior desta mesma rede, produtivas, inclusive,

em muitos momentos, fazem com que o projeto adquira um traçado não homogêneo que
é muito bem-vindo. Tive a oportunidade de estar com parte das professoras engajadas
no projeto, num curso de capacitação na última terça-feira, algumas com atividades já
em curso, outras não, e é muito interessante ver como cada uma, cada escola, tem
utilizado o material distribuído pela SME/RJ de forma a potenciá-lo e adequá-lo à sua
realidade. Interessante, ainda, notar, que das experiências em curso relatadas, muitas
unem o cineblubismo com a idealização de pequenas oficinas audiovisuais na realização
de curtas-metragens, produzidos pelos estudantes. Por isso o termo engajamento. A
educação comprometida com a mudança e o cinema, tema do nosso debate, prescindem
desse movimento constante, desta disposição de provocar o pensar. De fazer o vento
voar. E é essa mesma disposição que ouvimos dos relatos do Subúrbio em Transe,
Atlântico Negro e Mate com Angu. A atividade do cineclubismo aparece, também,
comprometida com origens e registros identificatórios, como no caso do Atlântico
Negro que privilegia a historicidade negra; a criação de Núcleos de Artes, como o
Núcleo de Arte Grécia que deflagrou a criação do Subúrbio em Transe, e o Mate com
Angu, essa mistura deliciosa de ações que articulam o cinema e a cultura na baixada
fluminense mas que se estende para além das fronteiras imaginárias dos mapas oficiais.
Assim também é o Laboratório Audiovisual Cinema Paraíso, um espaço de
convergência de mídias, coletivo, potente que alia a atividade cineclubista, a de
execução cinematográfica e a experiência de rádio livre. Nas nossas falas outro
consenso: a centralidade da tecnologia nas nossas vidas e no processo educativo tem
provocado novas formas de aprender, de comunicar, de fazer amigos; tem produzido
novos regimes de atenção, de colaboração e de resistência. Não se trata de ingenuidade.
Sabemos, todos, o que significa a rede e as corporações que a sustentam, mas sabemos
também que podemos ser artífices do nosso tempo e disso, o movimento cineclubista
do Rio de Janeiro parece não quer abrir mão. Pautar políticas públicas é tarefa. Que
vente a ventania! Assim nos ensina outro poeta...

"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."

(Mário Quintana)

As insignificâncias...
Um abraço a todos e todas
Bom estarmos juntos!
Que venham novos relatos.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Visões Periféricas

Caros , hoje tem inicio a 5ª edição do Festival Visões Periféricas . Cinco anos de estrada ascendente de um festival que se propões a discutir as periferias .
Este anos comemoramos mais uma parceria entre Ascine-RJ e Visões Periféricas com uma mesa para discutir a relação ente cinelubismo e educação ,o já tradicional circuito de exibição cineclubista e um Júri cineclubista para o programa de filmes Fluminense .

A todos um bom festival .

http://www.visoesperifericas.org.br/2011/apoios_e_parcerias.html

Mesa-redonda ASCINE-RJ
Cineclubismo e Educação
22.10 (sábado) – 16h
Sala Multimídia – Centro Cultural Justiça Federal Av. Rio Branco, 241 (metrô Cinelândia)

Monique Franco (Cineclube Cinema Paraíso)
Mediadora – Doutora em Comunicação e Cultura ECO/UFRJ. Coordenadora do Núcleo Interdisciplinar Resistência & Arte (NIRA/ UERJ/CNPq) e do Laboratório Audiovisual Cinema Paraíso.

Luiz Claudio Motta Lima (Cineclube Subúrbio em Transe)
Geógrafo e Professor de Geografia pela UERJ. Professor da Oficina de Vídeo do Núcleo de Arte Grécia. Realizador independente de curtas, médias e um longa-metragem.

Heraldo HB (Cineclube Mate com Angu)

Clementino Junior (Cineclube Atlântico Negro)
Cineasta, animador, cineclubista e bacharel em designer gráfico pela UFRJ. Atualmente leciona Multimeios no curso técnico em comunicação do Instituto Tecnológico O.R.T. e produz o Cineclube Atlântico Negro.

Adelaide Léo (Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro)
Educadora e psicóloga. Implantou e atualmente é uma das coordenadoras do Projeto Cineclube nas Escolas, da SME/RJ. Coordena, também, um projeto de Filosofia com crianças, em uma escola da rede municipal de Duque de Caxias, numa parceria com a UER.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

COMISSÃO DE CULTURA DEFENDE POLÍTICA DE INCENTIVO AOS CINECLUBES

COMISSÃO DE CULTURA DEFENDE POLÍTICA DE INCENTIVO AOS CINECLUBES
Link: http://www.alerj.rj.gov.br/common/noticia_corpo.asp?num=40567

A saída para o gargalo cinematográfico existente no Estado do Rio é o reconhecimento dos cineclubes e a construção de novas salas de cinema. O tema foi debatido, nesta quarta-feira (05/10), pelo presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Robson Leite (PT), durante audiência pública no Palácio Tiradentes. “A expansão da sétima arte não depende apenas da criação de novas salas para o circuito comercial. O Rio conta também com muitos cineclubes, sem fins lucrativos, que possuem um grande público. Cerca de 4 mil pessoas já frequentam estes espaços em todo o estado. Espaços esses que, se possuíssem incentivos, poderiam ser uma alternativa para um maior acesso da população ao cinema”, lembrou o parlamentar.
Ouça na Rádio Alerj
Leite garantiu que a comissão realizará uma nova audiência para discutir, especificamente, a situação destes cineclubes e de seus produtores. Para o presidente do colegiado, o efetivo desenvolvimento do audiovisual fluminense não está apenas no aumento das produções, mas também na diminuição dos preços de ingressos, na melhoria do sistema de transportes para um maior acesso às salas de exibição e em mais circulação de informação sobre filmes e cinemas. “Os incentivos devem estar equilibrados em todos os setores do processo, proporcionando a inclusão daqueles que ainda não tem acesso às salas de cinema”, completou.
Segundo a superintendente de audiovisual da Secretaria de Estado de Cultura, Julia Levy, a Secretaria realiza, há três anos, o Prêmio Adicional de Renda (PAR-RJ) e o Prêmio de Estímulo à Exibição do Cinema (Peec-RJ), que condecoram os cinemas que expõem mais obras brasileiras independentes em sua programação. Para o diretor do Cine Santa, cinema ganhador destes prêmios, Adil Tiscatti, os incentivos recebidos através dos prêmios “garantiram a sobrevivência” do único cinema do bairro de Santa Teresa.
“Com o dinheiro recebido, pude comprar melhores equipamentos para minha sala, o que resultou em uma maior atração de público. Hoje, o Cine Santa possui cerca de dez mil moradores em uma rede de cadastrados, que garante a sustentabilidade da sala, uma grande vitória graças aos fomentos do Estado”, afirmou Tiscatti.
O produtor executivo do Ponto Cine de Guadalupe, Adailton Medeiros, contou que o primeiro cinema deste bairro da zona Norte foi um dos pioneiros a receber verbas através de prêmios. “O Ponto Cine já exibiu 235 produções nacionais, sempre cobrando o preço de ingresso mais barato do Brasil: R$ 4, e mais de 100 mil pessoas já assistiram a um longa-metragem em uma de suas 73 poltronas. O reconhecimento público se reflete nos sucessivos Prêmios Adicionais de Renda que já ganhamos”, ressaltou.
Presente ao encontro, o diretor-presidente da Rio Filmes, Sérgio Sá Leitão, mostrou que
o parque exibidor de filmes no Brasil só inclui 400 de seus cerca de cinco mil municípios e é menor do que o de países da América Latina, como a Argentina e o México. A Rio Filmes, empresa da Prefeitura do Rio que é vinculada à Secretaria Municipal de Cultura, atua nas áreas de distribuição, estímulo à formação de público e fomento à produção audiovisual. Segundo Sá Leitão, a prefeitura pretende estimular também a expansão do mercado exibidor, que hoje se tornou uma das grandes barreiras no acesso ao cinema.
“O Brasil tem 2.500 salas de cinema centralizadas em 900 pontos, principalmente nas cidades do Rio e de São Paulo. Hoje, a expansão do parque exibidor de filmes está diretamente ligada à expansão dos shopping centers, já que os grandes complexos de salas estão concentradas neles. Nossa intenção é promover não só o desenvolvimento da indústria audiovisual, mas também a inclusão social”, acrescentou. Sá Leitão afirmou, ainda, que o Governo federal investe, por ano, cerca de R$ 200 milhões na área cinematográfica, sendo 80% destinados ao setor de produção.
(texto de Cynthia Obiler)